Tropecei num carrinho de mão cheio de mandiocas
A boca de lobo nada fala.
O ralo é raso
e o esgoto,
fundo.
Calçada abriga
papéis de bala,
E gente,
que faz da rua,
mundo.
Cansado de ideias que não cabem no chão.
Na caminhada vespertina,
avistei um jovem
que vendia mandiocas
e conduzia um carrinho,
de mão.
O boné escondia seu rosto,
porque outros,
da mesma idade cruzavam
com mochilas e livros,
nas mãos.
Ali tropecei na vergonha...
Até parece nessa era
que raízes não dão frutos...
Como é possível
vislumbrar o céu
se ando olhando
para baixo?
Acaso aquele jovem
não tem sonho?
Ocorre que há 03 dias
fico sem sono.
Na esquina,
o avistei
novamente.
E mais uma vez,
o ângulo perdi.
(Senhor, Selá.)
O que fizeram os dele,
para que,
simplesmente,
permanecesse ali?
Minha voz não saía.
Gaguejava o "bom dia!".
Então gritei para dentro:
Oh, Deus!
Pranteio pelo horizonte
deste menino.
Dê cor aquele rosto nublado,
adornado de timidez.
Cheio de dignidade,
Transportando o sustento.
Que sejam seus dias
férteis, felizes,
firmes e fortes!
Como o é a mandioca,
macaxeira,
uaipi
ou
aipim.
Seja assim.
Precisa-se de um plantio de oportunidades...
Procura-se por:
(im)plantadores de sonhos...
Tratar aqui.
Tbtextos - agosto, 2015.