Vinnícius Almeida
1 min readOct 27, 2023

Tropecei num carrinho de mão cheio de mandiocas

A boca de lobo nada fala.
O ralo é raso
e o esgoto,
fundo.

Calçada abriga
papéis de bala,
E gente,
que faz da rua,
mundo.

Cansado de ideias que não cabem no chão.

Na caminhada vespertina,
avistei um jovem
que vendia mandiocas
e conduzia um carrinho,
de mão.

O boné escondia seu rosto,
porque outros,
da mesma idade cruzavam
com mochilas e livros,
nas mãos.

Ali tropecei na vergonha...

Até parece nessa era
que raízes não dão frutos...
Como é possível
vislumbrar o céu
se ando olhando
para baixo?

Acaso aquele jovem
não tem sonho?
Ocorre que há 03 dias
fico sem sono.

Na esquina,
o avistei
novamente.
E mais uma vez,
o ângulo perdi.

(Senhor, Selá.)
O que fizeram os dele,
para que,
simplesmente,
permanecesse ali?

Minha voz não saía.
Gaguejava o "bom dia!".

Então gritei para dentro:
Oh, Deus!
Pranteio pelo horizonte
deste menino.

Dê cor aquele rosto nublado,
adornado de timidez.
Cheio de dignidade,
Transportando o sustento.

Que sejam seus dias
férteis, felizes,
firmes e fortes!
Como o é a mandioca,
macaxeira,
uaipi
ou
aipim.

Seja assim.

Precisa-se de um plantio de oportunidades...

Procura-se por:
(im)plantadores de sonhos...
Tratar aqui.

Tbtextos - agosto, 2015.

Do poema: Tropecei num carrinho de mão cheio de mandiocas. Gerado por IA. Fonte: Microsoft Bing.